terça-feira, agosto 28, 2007

L’ESPRIT N’A POINT DE SEXE (2)

Desculpem. Talvez o senhor François de la Barre tenha mesmo razão quando diz que «L’esprit n’a point de sexe». Vendo bem as coisas, os homens, tal como as mulheres, também foram tramados. E há culpados. Um deles é o Sócrates. Não do engenheiro técnico José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, mas sim do outro, do filósofo grego, que, depois de nos ter desgraçado, teve o desplante de morrer. É que esta é sempre uma boa desculpa para se fugir às responsabilidades. Não sei se já repararam mas quando se morre fica-se automaticamente com o registo criminal (ao nível moral e social, entenda-se) limpinho. Esticam o pernil e tornam-se todos numas excepcionais pessoas, com direito a encomendação da alma e tudo. Com os mortos, muito respeitinho. Com os vivos, muita porrada. Retomando o fio à meada, dizia eu que os homens, tal como as mulheres, também foram tramados. Foi esse Sócrates que resolveu inventar essa coisa de homem ideal. Patife! Mas há mais. Depois, um tal de São Paulo, movido pelo interesse de dominar o mundo, resolve fundar uma religião assente numa filosofia de negação do corpo e do prazer e de tudo aquilo que éramos para passarmos a ser uma espécie de rebanho guiado por uma coisa chamada divina providência de um Deus Todo-Poderoso, omnipotente, omnipresente e omnisciente. Passámos a ver em tudo rebanhos, e não carneiros, como dizia Leibniz. O que significa que nos guiamos por uma espécie de luz, a tal luz perfeita, limpinha, quotidiana, tributável, cheia de moral, de bons costumes e de bom gosto. É claro que esta mistura subtil de crença, de sabedoria e de imaginação nos mostra um mundo que não existe, neste caso, de homens que não existem. E depois vem a desilusão, o desencantamento, o desgosto. Pessoal, os homens ideais não existem. Aliás, os homens, esses, para o melhor e para o pior, são cada vez mais o que os vão deixando ser. Snif!

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