quinta-feira, agosto 23, 2007

ECOTERRORISMO


Primeiro ninguém sabia mas todos estavam lá, inclusivamente a televisão e, pasmem-se, a GNR. Depois um tal de Gualter Baptista diz que foi convidado por e-mail para porta-voz do movimento (que não existe legalmente) mas recusa qualquer responsabilidade na organização do ataque apesar de ter lá estado. Mas este tipo acha que somos todos uma cambada de parvos?! E depois veio o ministro da Administração Interna falar-nos em “ecoterrorismo soft”. Bom, eu oiço isto e vou aos arames. “Ecoterrorismo soft”? Adiante. De facto, terrorismo é a palavra que melhor define a acção desta seita. Precisamente terrorismo. Sobretudo porque as intenções galgam a simples (e, por uns, desvalorizada) desobediência civil. O que eles querem é criar um clima de medo. Parece-me evidente. Não é, pois, por distracção que o porta-voz não diz se o movimento pretende voltar atacar, deixando no ar a dúvida se haverá ou não um next. Aliás, a comunicação social acaba por, involuntariamente, ajudar a criar este clima. Quando a Sábado nos esclarece o que é o ecoterrorismo com o seguinte texto: «Em Dezembro de 2005, Christopher Mcintosh foi condenado a oito anos de prisão por ter feito explodir um restaurante McDonald’s em Seatle, na Costa Oeste dos EUA. Em Fevereiro do ano passado, Rod Coronado foi detido por ser suspeito de ter feito explodir um bloco de apartamentos no valor de 50 milhões de dólares em San Diego. Coronado, membro de um dos mais radicais movimentos ambientalistas do mundo, o Earth Liberation Movement, foi libertado no passado mês de Março depois de ter renegado o ecoterrorismo. A autoria do termo “ecoterrorismo” é atribuída ao norte-americano Ron Arnold, que em 1997 lançou o livro Ecoterror: The Violent Agenda to Save Nature. As acções de destruição de culturas transgénicas têm ocorrido em vários países europeus.» deixa-nos, no mínimo, incomodados. Já há muito tempo que algumas associações têm tentado importar o ecoterrorismo para Portugal. Sempre houve uma grande resistência dentro das próprias associações. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. A ascensão política do Bloco de Esquerda veio dar um novo fôlego a estas seitas sedentas de vingança sob o pretexto da sua verdade. Eles dizem que querem salvar o mundo e aparentemente são bem intencionados. Alguns até estão socialmente bem posicionados (em terra de lobos uiva-se). Mas estes ecoterroristas são gente potencialmente perigosa, para usar uma designação muito pouco subtil. Gente que faz da sua verdade o motivo para uma nova cruzada contra aquilo que eles consideram ser o mal. Nesse aspecto não diferem muito daqueles terroristas de outros lados que tão bem conhecemos. OK, tudo bem. Estes são mais softs e nesse sentido talvez o ministro tenha razão. Só espero é que ele se assegure que isto fica mesmo por aí e não tenha depois de ter a cara de pau de nos vir dizer que, afinal, isto passou de soft para hard. Espero estar enganado mas isto ainda vai dar muito que falar. E lamentar. Por enquanto, de férias, lá vamos assistindo a tudo isto, em jeito de novela, com algum gozo até. Chegará o dia em que, muito ofendidos e incrédulos, soltaremos um Eh pá, assim não.

Foto: Lusa, retirada daqui.

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