quarta-feira, fevereiro 28, 2007

NOTAS AVULSAS SOBRE TEMAS AVULSOS


Criação da Bolsa do Voluntariado

A Bolsa do Voluntariado parece-me uma boa ideia. De facto, Portugal é um país com um pequeníssimo número de voluntários. As culpas não são apenas de um dos lados. Eu diria mesmo que são sobretudo das organizações que não sabem cativar, não sabem gerir, não sabem manter voluntários. O problema é que grande parte das organizações existem como uma apropriação idealista de uma ou de meia dúzia de pessoas. O resultado é um fechamento a todos os níveis das organizações, absolutamente adversas a "sangue novo nas guelras". A tendência é para a desvalorização e a banalização do voluntário. Mas também por parte do Estado (no Reino Unido ser voluntário de uma organização é algo extremamente valorizado e que é, inclusivamente, referido nos currículos não para "inglês ver" mas como um elemento que vale pontos) que não incentiva e não premeia. Como sempre, nada funciona como deveria funcionar. Isto já para não falar nos pseudo-solidários de oportunidade que se deixam fotografar com uma causa ao colo para de seguida sacudir o "pó" das calças. Neste marasmo, a criação de uma Bolsa do Voluntariado parece-me, de facto, muito boa ideia.

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Aquecimento global, Al Gore globalizado

Na entrevista ao Expresso de 9 de Fevereiro de 2007, Al Gore não disse nada de novo. Aliás, devo dizer que tudo aquilo soou muito a "peixe graúdo" embrenhado no marketing da sua causa devidamente revestida pelo epíteto da «sobrevivência da civilização humana» bem ao jeito de Independence Day. Posso estar a julgar mal mas Al Gore parece-me demasiado ambicioso e demasiado caro. Mas admito que não haja mesmo outra alternativa. Talvez tornar um tema o tema da actualidade mundial custe mesmo muito dinheiro. É pena é que, entretanto, as causas menores vão perecendo como sempre pereceram.

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Bem visto Leonor...

«Os cientistas garantem que daqui a cem anos as águas do mar vão subir 58 centímetros por causa do aquecimento global. Discutindo-se uma noite este tema à mesa, num círculo de amigos, ouvi o mais extraordinário argumento para a desconsideração do problema. «Mas se os cientistas também dizem que daqui a cem anos a humanidade vai estar mais alta 12 centímetros, proporcionalmente a subida vai ser só de 46 centímetros.» A conta não deixa de estar bem feita. A questão é que cada indivíduo pensa que é o próprio Planeta. E um bloco de gelo a descolar da Antárctida é uma espécie de mazela própria. Ou seja, fingem que se preocupam com o Planeta daqui a cem anos. A desigualdade na distribuição da riqueza, os milhões de famintos e o resto não mete dó. O bloco de gelo, sim. A ineficácia do combate às duas situações é total porque o combate é meramente ideológico.» (Leonor Pinhão, Contraste, Revista Única, 09-02-2007, p.16)

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