terça-feira, março 13, 2007

AINDA SOBRE A ENTREVISTA DO PGR À RTP1



Ainda sobre a entrevista da RTP1 ao Procurador Geral da República (PGR), embora tenha ficado a noção de muitas perguntas sem resposta, para mim ela pareceu-me bem evidente do modus operandis de um "certo jornalismo" que por cá se faz. Vejamos. Quando uma jornalista passa grande parte do tempo de uma entrevista a fazer perguntas que sabe (e sabe mesmo) à partida que o PGR não pode responder, na esperança de ele bufar (perdoem-me a expressão mas parece-me a ideal para este caso) qualquer informação em segredo de justiça, então está tudo explicado. O incómodo do PGR foi evidente, de tal forma que o levou a dizer, por várias vezes, «para que não diga que não disse nada, vou-lhe dizer o seguinte». De certa forma, esta entrevista assemelhou-se a um interrogatório policial pois os fins eram precisamente os mesmos. Aliás, não é uma comparação absurda porque o "certo jornalismo" de que falava comporta-se exactamente como uma polícia. Por outro lado, também ficou evidente que os jornalistas não têm qualquer interesse em esclarecer a figura do arguido. Como tantas vezes o PGR fez questão de sublinhar, uma pessoa que é constituída arguido não significa que é necessariamente culpada. Talvez o PGR tenha mesmo razão quando diz que a figura do arguido deve ser alterada por força da Lei, porque as pessoas não a percebem (a população em geral) ou, pior, não querem perceber (os jornalistas). Ao fim e ao cabo, a entrevista ao PGR foi mais do mesmo, sob o ponto de vista jornalístico. Porém, na minha opinião, ficámos a saber mais sobre ao que anda um "certo jornalismo" do que sobre a acção do PGR.

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