A predilecção de Deus por escaravelhos

Até porque se olharmos convenientemente para trás reparamos que toda a biologia do século XVII e XVIII foi pensada como estando ao serviço de um Deus. Conhecer o universo e a natureza implicava conhecer e entender melhor os propósitos do criador. E as conclusões eram fantásticas. Houve até quem dissesse que «Deus é um geómetra» dada a perfeição geométrica do mundo e dos fenómenos do mundo vivo. E depois houve ainda alguém que pensou: Mas se tudo é obra de um Deus Todo-poderoso, será que Ele tinha alguma predilecção por alguma forma de vida? Será que conhecendo melhor a Sua obra, conseguiríamos entender melhor as Suas vontades? Foi precisamente essa a pergunta que colocaram ao famoso genético britânico J.B.S. Haldane: «Diga-me, Sr. Haldane, sabendo o que sabe sobre o mundo natural, o que pode dizer-me sobre Deus?». Ao que este respondeu: «Possui uma desmedida predilecção por escaravelhos». Esta resposta não é de todo descabida. A verdade é que se conhecem mais de 300 mil espécies de escaravelhos. Conseguem imaginar?! Mas o que levaria «alguém» a criar tanto do mesmo?
Escolhi apenas três espécies de escaravelhos que me parecem simbólicas da forma como, por vezes, tudo o que nos rodeia se transforma numa notável parábola desconcertante. Até um simples escaravelho!
Os escaravelhos-bombardeiro. Os escaravelhos desta espécie usam um mecanismo de defesa que, hoje em dia, não nos é nada estranho. Recorrendo a uma arma química poderosíssima, estes escaravelhos combatem os predadores pulverizando-os com uma mistura química. Com duas bolsas que abrem para o exterior na extremidade do seu abdómen, o escaravelho, quando se sente ameaçado, comprime parte do líquido da bolsa interna para dentro da bolsa externa. Aí dá-se uma reacção química com a libertação de calor suficiente para vaporizar esse líquido. Na forma de um nevoeiro, esta mistura química é extraordinariamente eficaz. Com a capacidade de produzir 20 a 30 descargas rápidas e sucessivas, estes escaravelhos assemelham-se a uma autêntica máquina de guerra!
Os escaravelhos-sagrados. No antigo Egipto, os escaravelhos eram sagrados. Simbolizavam a ressurreição e o renascimento devido ao seu hábito de porem ovos em fezes de outros animais e nos corpos de escaravelhos mortos. O deus-Sol [Kephra em egípcio, que significa escaravelho] era também representado por um escaravelho. Isto porque os antigos egípcios acreditavam que este deus rolava o sol em volta da terra, da mesma forma que um escaravelho rola uma bola de fezes sobre o chão. Mas acreditavam mesmo!
Os escaravelhos-jóia. Estes escaravelhos, cuja cor é influenciada pela humidade e pelo calor durante o seu crescimento, são extremamente valiosos. E raros. Talvez por isso os coleccionadores paguem muito dinheiro para terem um exemplar desta espécie na sua colecção. A sua incandescência é apreciada de uma forma especial, devido à sua beleza ímpar, fazendo-nos lembrar o brilho hipnótico do ouro.
Guerra, fé e luxúria. É disto que nos falam estas três espécies. Quererá Deus com isto dizer-nos alguma coisa? Bom, não sabemos. Talvez nunca saberemos. Os querubins armados de espada flamejante estão lá para nos impedir. Mas a verdade é que não conseguimos deixar de nos espantar com este verdadeiro espectáculo da natureza. Porque nós gostamos sempre de acreditar.
Os escaravelhos. A predilecção de Deus! Conseguem imaginar!...
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