A infância: espécie em vias de extinção

«A hierarquia sumiu-se no interior destas famílias. O modelo é do pai e da mãe género somos-todos-a-favor-do-diálogo. Não há regras, apenas sentimentos. Deste mundo, desapareceram ainda o o prazer da aprendizagem, a ânsia de afirmação e a necessidade de estudar. Ninguém lê, ouve música séria ou discute temas interessantes. Estamos entre lupens intelectuais. Do ponto de vista social, há poucas diferenças: ao pretender que a série seja vista pelo maior número possível de jovens, a estação optou por incluir, lado a lado, betos e dreads. Basta reparar nos nomes das personagens - ao lado das Matildes, Constanças e Marianas surgem as Carlas, Vânias e Jessicas - para se perceber que a convivência é deliberadamente interclassista.»
«(...) que podemos fazer para que a inocência das crianças seja preservada? Esse papel compete, na minha opinião, aos pais, e quando digo, pais, estou a usar o plural, isto é, às mães e aos pais. Sei quão difícil é impedir os meninos de verem estas séries. Mas os pais que o conseguirem poderão orgulhar-se de estar a ajudar a formar uma elite, cuja educação não se baseia apenas em telenovelas, mas no que a cultura superior tem para oferecer. São estes adultos, capazes de resistir ao espírito do tempo, que manterão viva a tradição que gerou a ideia de infância. Para quem, como eu, considera que o olhar inocente de uma criança é uma conquista civilizacional, os Morangos com Açúcar constituem um retorno à barbárie.»
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Em total acordo!
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