segunda-feira, fevereiro 20, 2006

RÁDIO MARGINAL
(porque existe e porqu
e tem qualidade)
Há pormenores do nosso quotidiano que, fazendo parte do nosso automatismo, padecem do devido reconhecimento público. Não pela vulgaridade de premiar o popular mas antes pela justeza de premiar a qualidade. Falo-vos da rádio que oiço todos os dias. Falo-vos da rádio que rompe o meu silêncio e me faz viajar numa bolha sonora feita de escolhas musicais de bom gosto e de grande qualidade. Falo-vos da rádio que se liga automaticamente quando rodo a chave na ignição do meu carro como se pela outra porta tivesse entrada uma pessoa para nos afastar o silêncio da viagem de partida ou de regresso a qualquer ponto geográfico. Falo-vos da rádio feita por homens e mulheres que nunca sabem onde acaba a sua influência. Falo-vos da rádio que em cada um dos carros que conduzo sintonizo compulsiva e automaticamente até o RDS me devolver a palavra MARGINAL. E não conseguem sequer imaginar o prazer de regressar a casa ao final de uma noite de trabalho, percorrendo a marginal ao volante do meu twingo, perscrutando o rio e o mar, precisamente por essa ordem, saboreando o chocolate e a menta da minha cigarrilha Davidoff 1000 ao som das músicas de qualidade da MARGINAL.

Eu já estava há algum tempo para escrever um texto sobre a MARGINAL. A vontade avolumou-se aquando da recente aprovação da lei das quotas de rádio. Talvez porque me tenha revoltado com a forma ditatorial do Estado obrigar as rádios a emitir uma certa percentagem de música portuguesa, descaracterizando-as, tornando-as meros altifalantes de propaganda de algumas indústrias que precisam de esvaziar os seus armazéns e encher os bolsos. Obrigarem-me a ouvir 20 ou 30 por cento ou seja lá o que for de música portuguesa é um golpe ditatorial. A livre programação das rádios determina a livre escolha dos ouvintes. Eu oiço a rádio MARGINAL porque a sua programação é de qualidade e nem por isso deixa de incluir música portuguesa. Se eu quiser ouvir música clássica, sintonizo a ANTENA 2 ou a CLÁSSICA FM. Se eu quiser ouvir música rock sintonizo a OXIGÉNIO ou a FOXX. A diversidade radiofónica sai a perder. E esta padronização de programação só irá ter como consequência o aumento do uso dos leitores de CD. Mas Portugal ultimamente anda assim. Meia dúzia de parvos a escrever umas leis parvas para servir os interesses de outra meia dúzia de parvos, senão os mesmos. Onde é que isto irá parar? Eu digo-vos. Até onde deixarmos.

A todas as pessoas que fazem a MARGINAL da forma como eu a conheço (oiço), obrigado por existirem. A gente precisa de rádios de qualidade como a vossa onde até as interferências e as perdas de sinal sabem bem.

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