domingo, fevereiro 12, 2006

EM PAPEL TIMBRADO OFICIAL
Declaração do MNE sobre a crise dos cartoons

"Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos.

A liberdade de expressão, como aliás todas as liberdades, tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros. Entre essas outras liberdades e direitos a respeitar está, manifestamente, a liberdade religiosa – que compreende o direito de ter ou não ter religião e, tendo religião, o direito de ver respeitados os símbolos fundamentais da religião que se professa. Para os católicos esses símbolos são as figuras de Cristo e da sua Mãe, a Virgem Maria. Para os muçulmanos um dos principais símbolos é a figura do Profeta Maomé. Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados. A liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade. O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável “guerra de religiões” – ainda por cima sabendo-se que as três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e hebraica) descendem todas do mesmo profeta, Abraão.

Diogo Freitas do Amaral
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros"

Há pouquíssimo tempo o país irritou-se com o facto de Santana Lopes ter assumido o cargo de primeiro-ministro sem ter ido a votos. Criticava-se a perversidade do sistema político embora todo o processo fosse constitucional. Essa mesma perversidade volta a estar a descoberto com a declaração do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a crise dos cartoons. Um ministro faz da sua opinião a opinião de um país. Valha-nos a quem nos lê que tenha a bondade de perceber que a liberdade de expressão das democracias ocidentais tem destas coisas. Escrevem-se muitos disparates em papel timbrado oficial.

Depois não deixa de ser interessante que o mesmo ministro tenha afirmado hoje mesmo, aquando da cerimónia de entrega do doutoramento honoris causa a Aga Khan na Universidade de Évora, que quem têm sido os maiores agressores dos últimos tempos somos nós.
Ui, que isto dói!
Perdoai-lhe Senhor, ele não sabe o que diz
.
Ou sabe?!

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