sexta-feira, maio 02, 2008

«O AMOR É PARA OS TOSCOS», DIZ-SE POR AÍ

Dois amigos, na casa dos 25-30 anos, conversam na rua. Dizia um, em tom de desabafo mas também em tom de resignação: eh pá, eu já estou como o outro. Amar é para os toscos. Eu preciso é de uma mulher que me dê carinho e esteja sempre presente. Eu oiço isto e fico triste. Mais um à beira de desistir do amor. Porque o que ele quer é uma mulher que lhe dê carinho e esteja ao seu lado, e lhe faça companhia. E, muito provavelmente, lhe dê filhos. Ao fim e ao cabo, que lhe dê. Quanto ao amor, esse, faz de conta que está lá. (E hora a hora passa o dia) O ritual sexual é cumprido. E faz de conta que é bom. (E dia a dia passa o mês) Compra-se casa, carro e, se der, um barco. Viaja-se muito, descobre-se o mundo. (E mês a mês passa o ano) Trabalha-se muito, e suspira-se muito. O “tem que ser” de todos os dias mecaniza a nossa vontade. (E ano a ano passa o tempo e a memória de um sonho de um dia ser feliz para sempre mesmo sendo uma grande mentira) Na verdade, o que este homem quer é um cão que lhe dê o que ele acha que é a sua necessidade. Tudo menos amor. Talvez nunca tenha percebido que só estamos prontos para o outro depois de nos descobrirmos. Talvez nunca o venha a perceber.

Sem comentários: