quarta-feira, fevereiro 06, 2008

AS ALUCINAÇÕES DO HOMEM DE LATA

Ela não parecia ser mais uma mulher. Não parecia e não era. Quando o meu pénis ficava duro não era porque o meu interesse estava apenas focado nos seus grandes lábios. Aquilo era vontade mas também necessidade de representação. Quando o meu pénis ficava duro era porque o meu interesse estava focado na essência daquela mulher. Na essência. Sim. Porque um homem não é de lata. Porque um homem também quer sempre mais qualquer coisa. Porque um homem também alucina. E vislumbra salas e quartos repletos de molduras a enquadrar aquilo que lhe parece ser uma felicidade para sempre. É que ela não parecia ser mais uma mulher. Mas sim a mulher. Não só porque me punha o pénis duro mas porque me fazia interessar pela sua essência. Às vezes, só por ser mulher, a mulher consegue revelar o homem num homem. Não havia dúvidas. Era com aquela mulher que eu queria transformar-me naquilo que eu sou. Uma espécie de representação para uma vida de glória. Ela era a personagem que me faltava. A personagem que eu procurava. Que eu sempre procurei. Aquela era, sem dúvida, a mulher da minha vida. Tenho a certeza disso. Foi pena não ter percebido isso antes dela se ir embora. Foi pena não ter estado atento. De facto, foi pena.

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