terça-feira, outubro 23, 2007

NÃO MATA MAS MÓI

Dormi pouco. Tenho fome. Estou muito cansado mas ainda tenho um longo dia pela frente. E por isso vou ser muito directo. Aqui vai.

Tenho o meu carro e uma conta bancária penhorados pelas Finanças. Tenho dois empréstimos bancários que se dizem especiais porque são para jovens mas depois de fazer as contas dos juros que vou pagar logo chego à conclusão que é tudo treta, o que aquela gente faz é vender dinheiro e eu, porque precisava, comprei. E se comprei, tenho de pagar.

Eu já tinha desconfiado que, neste país, há uns que são filhos da mãe e outros que são, pura e simplesmente, filhos da puta. Os primeiros têm todas as regalias em todos os sectores da vida pública. Os segundos estão afectos à triste lei da sorte e do azar. Os primeiros têm imensos advogados a representá-los, a negociá-los, a protegê-los. Os segundos pouco sabem de direito e esperam que o advogado que o Estado lhe arranjou telefone um dia a dar uma boa notícia. Os primeiros pagam para não pagar. Os segundos só pagam.

Hoje, no telejornal era dito que a Fundação Amália Rodrigues devia cerca de 2,5 milhões de euros ao Fisco. Perante tal facto, o presidente da dita fundação já tranquilizou o "povo que lava no rio" dizendo que ao tornar-se numa fundação de "utilidade pública", a dívida deixará de existir. Ontem, num jornal qualquer, era dito que o BCP tinha perdoado uma dívida de mais de 12 milhões de euros ao filho do presidente do banco.

Bom, eu oiço isto e fico com os cabelos em pé. Bem podem gritar-me ao ouvido que tudo isto é legal. Pouco me importa se é legal ou não. O que me importa é a má-fé, a total falta de ética e, sobretudo, como, a cinco centímetros do nosso nariz, uns filhos da mãe, com gozo, nos fazem sentir uns autênticos filhos da puta... É por estas e por outras que eu cada vez mais concordo como o Abade Correia da Serra: este país não presta mesmo. Disse.

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