segunda-feira, agosto 13, 2007

REVISTA DE IMPRENSA

Numa entrevista a Margarida Marante, publicada no SOL de 11-08-2007, Manuel Dias Loureiro (MDL) diz, a páginas tantas, que «Se há coisa de que o Governo de Sócrates não pode ser acusado é de querer a todo o custo ganhar votos». Eu leio isto e fico de cabelos em pé. Não pelo dislate mas sobretudo por constatar que o Governo de Sócrates afinal é eficaz na sua técnica do parecer que é uma coisa sendo outra completamente oposta. Na minha opinião, se há coisa de que o Governo de Sócrates pode ser acusado é de querer a todo o custo ganhar votos. Como? Controlando qualquer acção corrosiva. Vamos lá ver se nos entendemos. Esta ideia de que este Governo foi muito corajoso e que é um Governo reformista não passa de uma falácia. Na verdade, este Governo parece que é muito corajoso e parece que é reformista. Mas não é. No entanto, é precisamente esse "parece que é" que lhe dá uma espécie de autoridade magnânima e que cala quem se deixa levar pela histórias da carochinha. Portugal está melhor? Não, não está. E vai ficar melhor? Não, não vai. E os portugueses sabem disso? Não, não sabem. Os portugueses, esses, acreditam ainda que um dia ainda vamos todos ser felizes para sempre num país que presta e com uma conta bancária livre de agonia. Os portugueses, esses, vivem na plena utopia. Os portugueses, esses, não percebem que para este Governo, como bem frisou o antigo director-geral dos impostos numa última entrevista concedida à revista Única (11-08-2007), parafraseando Benjamim Franklin, «só há duas coisas certas na vida: morrer e pagar impostos».

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No SOL de 11-08-2007, «63% dos novos projectos turísticos do Algarve estão previstos para áreas protegidas». Terei lido bem? Hotéis de luxo e campos de golfe em áreas da Rede Natura 2000, de Reserva Ecológica Nacional ou de Reserva Agrícola Nacional? E ninguém diz nada? Alguém me explica para que serve o ministro do Ambiente? Não percebem ao que anda este Governo? Parece que não. Até porque o país está quase todo de férias… no Allgarve.

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Não é oficial mas teme-se que se tenha extinguido o golfinho de nariz pontiagudo das águas do rio Yangtze, China. Nenhum exemplar é visto desde 2002. Culpados? Nós, claro. Este caso é exemplar da forma como o excesso de população deriva em actos predatórios dos habitats, esgotando recursos, extinguindo espécies animais e vegetais. Infelizmente, há gente a mais no planeta. E gente a mais significa mais guerras, menos natureza, mais cimento, menos democracia. O clima altera-se. O planeta ressente-se. Para uns é a vida. Para outros é a morte.

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No Público de 09-08-2007, «Temo que Kate [McCann, mãe de Madeleine] seja acusada de um crime que não cometeu, tal como aconteceu com a minha mulher. A frase de Leandro Silva, o padrasto de Joana, a menina desaparecida em Setembro de 2004 da aldeia da Figueira, no Algarve, estava ontem na primeira página do diário de Londres Evening Standard. A mulher de Leandro, Leonor Cipriano, foi condenada a 16 anos de prisão por homicídio da filha. E a história é recordada a propósito do caso de Maddie. Junto à fotografia de Kate aparece a de Leonor Cipriano com o rosto cheio de nódoas negras». Faltam-me as palavras de tanta má disposição.

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Na Visão de 09-08-2007, uma entrevista interessante com a escritora brasileira Dutra de Menezes, que acaba de publicar O Português que nos Pariu. A páginas tantas diz «Quem já fez amor com um português, ou vai parar aos cuidados cardiovasculares, de tanta emoção, ou descobre porque razão foi, para eles, tão fácil povoar meio mundo…». E porque não?!




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Na revista Única de 11-08-2007, na secção sobre Ciência: «Com as crescentes alterações climáticas, há cada vez mais espécies subtropicais a aparecerem nas águas portuguesas. Algumas delas são verdadeiras iguarias». Ainda restam dúvidas dos estupores de predadores que nós somos?!

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Revista Única de 11-08-2007. «Um alarme ligado a uma central de atendimento permanente garante ajuda imediata a quem está sozinho em casa». Basta para isso premir o botão da pulseira. E esperar que alguém venha em socorro. Para desgraça de quem vive sozinho, premir o botão continua a não trazer aquilo que mais falta faz: companhia. É a sociedade da solidão.

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Vamos lá aos números. Segundo o Expresso de 11-08-2007, a APSA (Administração Patriarcal da Sé Apostólica) fechou 2006 com 2,5 milhões de euros de lucro e o Governatorato produziu mais de 21 milhões de euros de lucro. Desconhece-se o resultado da actividade do Instituto para as Obras da Religião. O Papa calça sapatos Prada, desloca-se num Mercedes (nada de extraordinário se tomarmos em conta que o padre franciscano, eu repito, franciscano, Vitor Melícias conduz um BMW) e senta-se numa cadeira de ouro maciço. O Santuário de Fátima gastou recentemente uns milhões na construção de uma nova catedral. Agora percebo porque é que pedem às pessoas para dar dinheiro em vez de velas. E os pobre coitados, de pés e joelhos esfolados, dão. Triste quadro!

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