quarta-feira, agosto 29, 2007

PELOS VISTOS, OS ESTÚPIDOS SOMOS NÓS (2)

Esta coisa dos radares fez-me lembrar um outro caso muito parecido na forma como o governo parece que é proactivo e responsável e eficaz na resolução dos problemas mas, na verdade, não é. Assim foi com o caso dos fumadores. Muito preocupados com a nossa saúde, apressaram-se logo a escrever leis a proibir os fumadores disto e daquilo e, obviamente, anexada das respectivas coimas. Agora, eu não consigo levar esta gente a sério quando sei que «76,5% do valor que os fumadores pagaram pelo tabaco consumido em 2003 em Portugal foi para os impostos» (DN, 12-01-2005). Mais, segundo «dados recolhidos pelo jornal DN junto do Instituto Nacional de Estatística, apenas referente ao tipo de tabaco mais comum em Portugal - cigarros com filtro -, referem que o volume de negócios (líquido de impostos) da indústria do tabaco, no ano em referência, andou pelos 373 milhões de euros. O Estado, segundo o boletim de execução orçamental de Dezembro de 2003, arrecadou cerca de 1220 milhões de euros com a venda de cigarros. Ou seja, dos 1593 milhões de euros envolvidos, 76,5% foram parar aos cofres do Estado» (DN, 12-01-2005). Sabemos também que «um maço de tabaco vai custar quatro euros em 2009, feitas as previsões das subidas consecutivas dos preços ao longo dos últimos quatro anos» (Expresso). Ora, os aumentos de preço, de acordo com a Organização Mundial de Saúde e o Banco Mundial, fazem com que as pessoas deixem de fumar. Por exemplo, um aumento de 10% no preço do tabaco motivaria cerca de 4,2 milhões de pessoas em todo o mundo a deixar de fumar. Curiosamente, em Maio de 2005 o Público noticiava: «Os aumentos dos impostos sobre os produtos petrolíferos (ISP) e da tributação sobre o tabaco, anunciados, na quarta-feira, no Parlamento, pelo primeiro-ministro, vão servir para financiar, respectivamente, os encargos do Estado com as Scut (auto-estradas sem custos para o utilizador) e o défice do Serviço Nacional de Saúde, apurou o PÚBLICO junto de fonte governamental.» (Público, 27-05-2005)

OK, tudo bem. Tudo isto parecem coisas normais. Mas agora, tentem lá explicar-me por que é que esta gente, que está tão preocupada com a nossa saúde, permite que, nos últimos seis anos, a quantidade de nicotina a que os fumadores estão sujeitos, aumente cerca de 10% (Público, 01-09-2006)!!? Porquê?! Porquê?! Será coincidência?! Pode ser que sim. Mas, convenhamos, bem dita coincidência. Para a indústria e, sobretudo, para o governo. E os estúpidos, pelos vistos, continuamos a ser nós. E lá continuamos a pagar.
(todos os sublinhados são meus)

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