Para azar de quem está de férias e para sorte de quem, como eu, detesta o calor, começou há instantes a chover em Lisboa. Em silêncio, ou abafada pelo barulho da cidade, apenas dei por ela pelo cheiro. Fiquei feliz. Com a chegada do tempo mau (é assim que lhe chamam os veraneantes) as praias depressa se libertam dos corpos. Não tarda vou poder perscrutar o mar nos meus passeios solitários de fim de tarde pelos areais invernosos, em êxtase com o barulho do mar, o frio dos céus e os calores das minhas fantasias, dos meus pensamentos. O Martini Rosso bem gelado ou simplesmente um café bem quente, no final, ruborizam os raros momentos em que me sinto abstractamente feliz. Para todos os efeitos a chegada do tempo mau é um prelúdio de que a felicidade, em momentos, vai regressar em mim.
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