quinta-feira, agosto 24, 2006














No altar de uma santa de pedra
Ardem velas com os meus segredos
Para que sofras por mim de ciúmes
Quando eu queimo por ti os meus dedos
Houve um eco que acordou na serra
Com a canção de amor dos pastores
Mas a neve da madrugada
Abafou todos os rumores
Já te deitei ao rio
Fiz-te tremer de frio
Quis saltar eu do barco primeiro
Mas antes de ser dia
Pela rua vazia
Voltei sempre ao teu nevoeiro

Quando entrei dentro do teu perfume
Estive quase a entrar para o Céu
Vi um portão que quase se abriu
Mas foi tudo o que aconteceu
Ainda arrombei a gaveta
Onde seu que tu guardas as cartas
Mas vinha procurar borboletas
E só lá encontrei as lagartas
Esteve uma cotovia
Pousada na igreja
Houve um sino que quase tocou
Depois fechaste a porta
Sonhei que estavas morta
E o meu sonho ainda não acabou

(Clara Pinto Correia, in Canções que já não existem)

Sem comentários: