segunda-feira, julho 17, 2006

OS PORTUGUESES E O SOL

Não se compreende. Não se compreende mesmo. Não obstante os avisos constantes do Instituto de Meteorologia do perigo de exposição ao sol no período entre as 11:00 e as 16:00, este fim-de-semana foi ver as praias atoladas de carne a grelhar. Especialmente crianças. À necessária confrontação de uma repórter, o povo respondia que sabia dos altos valores de UV mas tinham que aproveitar o sol. Digamos que essa coisa dos UV era um mal menor. Outros respondiam que sabiam mas afirmavam determinantemente que estavam devidamente protegidos. Quer dizer. Há aqui elementos que merecem ser analisados. O primeiro é esta necessidade providencial de aproveitar o sol de fim-de-semana contra tudo e contra todos. A semana é de trabalho, a vida está difícil, de forma que o sol, para a maioria dos portugueses, parece ser a única forma de relaxarem. E é vê-los como bife na chapa, todos oleosos e todos cada vez mais escuros. O segundo, talvez mais assustador, é toda a desinformação àcerca da perigosidade do sol. Por um lado ignorância. A população em geral desconheçe a real perigosidade dos raios UV até porque é algo que não se vê e não se manifesta no imediato. Costuma-se contar uma história em que se colocarmos um sapo em água a ferver, ele salta. Mas se o colocarmos em água fria e a formos aquecendo gradualmente, o sapo ali permanece e acaba por morrer cozido. É uma metáfora que tem tanto de perfeita como de trágica. Mas por outro lado, é aterrorizadora a manipulação publicitária. De facto, as pessoas acham que com um creme qualquer estão realmente protegidas. O que não é verdade. Por conseguinte, são absolutamente necessárias, como pão para a boca, campanhas de informação mas também o efectivo controlo dos produtos que por aí se vendem, em muitos casos com rótulos. no mínimo, duvidosos. Trata-se de uma questão de saúde pública. Só esperemos que o Governo não ache que o melhor é multar toda a gente que se ponha ao sol.

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