segunda-feira, janeiro 23, 2006

PRESIDENCIAIS: NO DIA SEGUINTE
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O Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva é, agora, o presidente da república eleito. Quer queiram quer não. Podem até dizer que é uma vitória tangencial (à primeira volta com cerca de 2,8 milhões de votos e com 5 candidatos, como se pode dizer tangencial?), que é uma vitória causada pela fragmentação da esquerda, que é uma vitória pela ausência de um candidato de direita, que isso não invalida em nada o mérito absoluto da campanha e da eleição de Cavaco Silva que muitos insistem em classificá-la como um resultado circunstancial, uma quase vitória pela exclusão de partes. O Prof. A. Cavaco Silva apresentou-se a estas eleições como um homem livre e fez questão de referir que a sua candidatura era supra-partidária. Assim o disse e assim o fez. A sua campanha foi exemplar no sentido em que deve ser uma campanha presidencial. É claro que contou com o apoio do aparelho partidário do PSD e do CDS-PP mas também não me parece que o princípio supra-partidário deva obrigar à discriminação de movimentos de apoio que também representam o eleitorado. E Cavaco não discriminou ninguém. Por outro lado, não deixa de ser curioso o tratamento jornalístico desta campanha. De relevar o excelente trabalho da RTP e da SIC/SIC Notícias. Mas também de relevar o péssimo trabalho da TVI. Bastou-me um zapping e ver a forma como os dois jornalistas - Manuela Mouraguedes e José Carlos - defendiam a validade de uma sondagem sobre a intenção de voto dos eleitores caso as eleiçõs legislativas fossem hoje e o faziam de uma forma arrogante e presunçosa, para perceber que a TVI é sempre igual a si mesma. De lamentar a forma como o jornalista da TVI respondeu à Maria José Nogueira Pinto e ao Augusto Santos Silva que explicavam o desinteresse técnico desta sondagem e levaram com um: «Para nós isto tem interesse. Se para vocês não tem é um problema vosso. Não falam.» Eu tinha-me logo levantado e desejado boa noite a todos. Falta-me ler os jornais de hoje, o que vou fazer daqui a pouco.

Esta maioria absoluta, que já hoje já não existe, não me espantou. Eu já tinha escrito que estas eleições contavam com um candidato e cinco contra-candidatos. Ganhou naturalmente o candidato. Porque os portugueses não foram em cantigas. Até porque já passaram 31 anos depois do 25 de Abril. E o país já não é o mesmo. Valha-nos ao menos isso!

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