segunda-feira, dezembro 19, 2005

IMPRENSA: Noivas Vani, coisas de outro mundo


«Casamentos forçados para compensar "crimes de sangue" entre famílias rivais no Paquistão significam frequentemente maus tratos e morte. Na povoação de Khushab, há três irmãs a recusar o destino que lhes foi traçado, tentando deste modo forçar o Governo a impor a ilegalização de um costume tribal. Se não conseguirem, fizeram um pacto para se suicidarem.»

Excerto de notícia publicada no jornal Público [17-12-2005]

No conforto do nosso lar - que é o nosso mundo - muitas das vezes viajamos para os outros mundos através das notícias que lemos. Ontem estava lendo uma notícia sobre as noivas Vani publicada no jornal Púbico. E vassilei. Porque esta é uma história que além de dar uma boa reportagem nos jornais do ocidente, ela mostra um mundo que não acreditamos existir, que não queremos acreditar existir. Mas que existe. E esta pode ser apenas uma história em que três mulheres são dadas em casamento para resolver um feudo de sangue entre duas famílias e que irão ser abusadas, humilhadas e geralmente tratadas como escravas e pronto. Não ouvimos as suas vozes e não sentimos as suas dores e pronto. Nem podia ser assim porque o charco é tão grande que rapidamente caiamos numa profunda depressão. Mas agora que impressiona, isso impressiona! Quer dizer. Já não bastava a mulher ter sido seduzida pela serpente a comer o fruto proibido e a fazer com que Adão também comesse e a ser amaldiçoada por Deus [«Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, os teus filhos hão-de nascer entre dores. Procurarás com paixão a quem serás sujeita, o teu marido» Gn 3, 16], agora também pagar na mesma forma por um homem ter morto outro, é que é demais! Pois. Parece que as mulheres são mesmo o elo mais fraco. Aqui e ali. Que é como quem diz. No Cristianismo e no Islamismo. Só não consigo é perceber porquê! E pronto. Virei a página do jornal e regressei ao conforto do meu lar. Que é o meu mundo.

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