sábado, novembro 26, 2005

LIVROS: Relato de um náufrago

The Beach at Dusk, Mitchell Jamieson, #321, Watercolor and crayon, June 1945

Relato de um náufrago, de Gabriel García Marquez (Prémio Nobel da Literatura 1982) conta-nos uma história absolutamente impressionante sobre um marinheiro do contratorpedeiro da Marinha de Guerra da Colômbia. De regresso a Cartagena, o contratorpedeiro enfrenta mau tempo e oito marinheiros caem ao mar. Ninguém gritou «homens ao mar». Ninguém voltou para trás. Desses oito, apenas sobreviveu Luis Alejandro Velasco. Quer dizer. Sobreviveu durante dez dias a bordo de uma balsa, sem comer nem beber. Apenas agarrado à bóia do desejo de viver só mais um bocadinho. E mais um bocadinho. A história deste marinheiro é uma impressionante metáfora à vida. No seu melhor e no seu pior. E se ao longo do livro sentimos as dores, medo e a aflição deste homem, também sentimos as suas loucuras, o seu amor e a sua compaixão pela sua própria vida. O que mais me impressionou foi que mesmo um reles ponto humano perdido na sombra de um mar imenso não está sozinho. Tubarões, peixes, gaivotas, estrelas, sonhos, delírios, recordações, são sempre as nossas eternas companheiras desta vida.

De leitura rápida, e de fácil transporte se optarem pela colecção FNAC de bolso (pequeno e barato), este livro de Gabriel García Marquez é mais um bom pretexto para pensarmos na nossa vida. E vivê-la em vez de sobrevivê-la. Será isso alguma vez possível? Possível até que é mas nós insistimos muito teimosamente que o destino é o nosso único caminho.

Vanessa e Bernardo, obrigado pelo momento.

Sem comentários: